Homofobia no Exército - E-mail do Sargento Gay Fernando

De:fernandoafigueiredo@
Para:liorcino@yahoo.com.br
Assunto:Solidariedade

Data: Quarta-feira, 11 de Junho de 2008, 14:31



Caros amigos, boa tarde!

Só agora pude escrever. A atenção e o respeito que me foi demonstrado na Conferência GLBT em Brasília-DF conformou-me muito! Algumas providências estão sendo tomadas por diversas entidades, dentre elas destaca-se o trabalho exemplar e sério que vem sendo promovido pelo CONDEPE-SP, Dr. Ariel, Dr. Lúcio França, Dr. Paulo Sampaio e demais integrantes. Além dos congressistas que tem demonstrado seriedade nas apurações. Porém lamentavelmente o Exército tem mantido uma postura intimidadora e vingativa em razão da publicidade de nossa sexualidade. Recalcitra em manter 'Laci', meu companheiro, em cárcere, numa cela de dimensões de 2x3 m, fétida, escura e suja. Empregando-lhe toda sorte de tortura psíquica e constrangimentos compatíveis aos empregados no alge ditatorial! Autoridades da instituição , Exército brasileiro, têm informado mentiras a imprensa, falo especificamente do General ADHEMAR, Chefe do CCOMSEx, centro de comunicação social do exército, este cidadão é o principal acusado de tratamento preconceituoso contra eu e meu companheiro sendo processado bem antes dos fatos noticiados pelo Ministério Público Federal em 2007. O que se verifica é um trato desumano que progressivamente tem destruído a saúde mental do LACI. Em todas as vezes que ele têm que sair da cela, por exemplo: para tomar banho de sol ou mesmo para receber minha visita, os carcereiros o obrigam a tirar toda a roupa num ritual constrangedor, abaixando-se por diversas vezes, xingando-o o tempo todo com ironia a sua orientação como homossexual declarado. Na data de 10/06, ontem, tiraram-lhe uma das refeições como forma de castigo. ficando sem o café da manhã. Desde sua prisão até ontem, impediram-no de fazer uso de medicação que utiliza por tempo indeterminado e ininterrupto se tratando de antidepressivo, PAROXETINA. CEFALIUM, VERTIX, RIVOTRIL, dentre outros. Só ontem a noite após pedido da Defensora pública da União, Dra. MARINA, é que o Exército mandou um psiquiatra avaliá-lo e o Dr. FERREIRA, Coronel aposentado do Exército, prescreveu a medicação. Os Oficiais que lhe empregaram técnicas de SUFOCAMENTO e o AGREDIRAM, ainda são os que tomam conta da prisão onde Laci se encontra preso. Principalmente o Tenente DANILO ALVARENGA, que constantemente o agride só que agora com palavras e constrangimentos, toda sorte de xingamento e palavras de ordem para que não cite mais os nomes dos Oficiais Generais que o persegue. Acordam-no sempre no meio da noite, dentre outras molestações. O motivo desta explanação não tem pretensões de forma alguma em advogar em benefício próprio. A acusação de deserção será oportunamente defendida perante o judiciário pois o grande lastro probatório que possuo me faz ter a certeza da inocência de LACI. Em contrapartida necessito URGENTEMENTE vosso apoio no sentido de se cobrar das autoridades um trato humanitário. E dada debilidade mental e física do LACI, precisamos com urgência que ele seja avaliado por uma JUNTA MÉDICA ISENTA DO MEIO CIVIL, onde possa ser comprovado a necessidade de mandá-lo a um estabelecimento especializado e não uma cadeia degradante como vem sendo adotado pelo Exército.
É inadmissível que alguém que sofra de 'SINDROME DE PÂNICO' fique em cárcere. Portanto dirijo-me aos caros amigos solicitando ajuda urgente para que o Laci possa ser atendido dentro dos princípios de proteção a sua existência e condição humana, como manda a constituição. Obrigado, imensamente pela atenção,