quarta-feira, novembro 04, 2009

COMUNICAÇÃO



quarta-feira, 15 de julho de 2009
Confecom: contra o racismo e a homofobia

Representantes dos movimentos sociais durante palestras na APP-Sindicato
De Curitiba(PR) – Além da luta contra o machismo (ver matéria anterior Mulher não é só bunda e peito), os representantes dos movimentos sociais esperam que a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) avance no combate ao racismo e à homofobia, duas pragas disseminadas na mídia brasileira.



Denise Matoso, do Conselho Regional de Psicologia


Tal expectativa ficou clara no último sábado, dia 11, quando a Comissão Paranaense Pró-Conferência de Comunicação (CPC/PR) promoveu o primeiro dia da II Jornada de Democratização da Mídia, no Salão Nobre do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (APP-Sindicato).



Com a participação de cerca de 40 pessoas, num dia frio e chuvoso, os paranaenses discutiram os dois temas, tendo como palestrantes a jornalista Juliana Cézar Nunes, da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira), e o jornalista Léo Mendes, da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT).


Juliana Nunes e Jaime Tadeu, presidente da Associação Cultural de Negritude e Ação Popular (Acnap)


MATANÇA DIÁRIA DE JOVENS NEGROS - Juliana Nunes deu uma idéia das dificuldades que terão de enfrentar os movimentos e a sociedade civil nos embates da Confecom, lembrando a experiência recente da II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir). Destacou avanços como a política de cotas nas universidades, apesar da forte oposição da mídia, e o tratamento melhor dado pelas TVs públicas à cultura e às reivindicações quilombolas.

Mas denunciou a subrepresentação dos negros nos meios de comunicação: 10% dos trabalhadores e 2% dos cargos de direção। Denunciou também como os negros são criminalizados e ridicularizados na mídia brasileira, especialmente na TV. E destacou a matança diária de jovens pobres nas periferias das grandes cidades, crimes que são ou “escondidos” no noticiário ou noticiados de acordo com os boletins de ocorrência (o famigerado BO): resistência à prisão e troca de tiros.


Léo Mendes

30% DOS GAYS JÁ TENTARAM O SUICÍDIO - Se é ruim a maneira como os negros aparecem na mídia, muito pior é a situação dos homossexuais, fez ver Léo Mendes ao falar e debater com os militantes paranaenses. Ele chamou a atenção para o escandaloso “fundamentalismo religioso”, espalhado principalmente pelos canais de TV concedidos às diversas denominações evangélicas, e defendeu uma frente de luta contra o racismo, o machismo e a homofobia.

Falou de um aspecto delicado e pouco conhecido do grande público, o que chama de “homofobia internalizada”, problema que atinge os integrantes da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). O fenômeno pode ser entendido através dos sentimentos de pecado, doença e crime, que atingem os homossexuais, diante dos desejos reprimidos e da falta de espaços onde possam desenvolver sua afetividade.



Igo Martini (do Centro Paranaense de Cidadania - Cepac), Léo Mendes e Toni Reis (com microfone), presidente da ABGLT


É bastante citar – reforçou Léo Mendes – que 75% deles já sentiram vontade de se suicidarem e 30% já tentaram. E um dado estarrecedor: é o único segmento que ainda atualmente, em pleno século 21, chega a ser rejeitado radicalmente pelos familiares, sendo comum, por exemplo, a expulsão de casa de um filho ou de uma filha quando os pais descobrem que ele é gay ou ela é lésbica.
COMEÇAM VÍTIMAS E ACABAM CRIMINOSOS - Chamados cruel e pejorativamente de viados, boiolas, bonecas, sapatonas, etc, etc, os homossexuais, mesmo quando vítimas – o que é quase sempre regra geral -, acabam sendo apresentados nos meios de comunicação como culpados. Começam a entrar na notícia como vítimas, mas do meio para o fim acabam sendo tratados como criminosos.

Outra luta diária dos LGBTs, não percebida pelo grande público – por ser boicotada pela grande imprensa - é quanto a certas conceituações, conforme explicou Léo Mendes. Por exemplo: eles consideram que a expressão que define adequadamente sua condição decorre da “orientação sexual” e não da “opção sexual”, como insistem os jornalistas em todos os veículos de comunicação.

Outro exemplo: uma pessoa que nasceu com pênis (homem, no senso comum), cuja “orientação sexual” lhe dá a condição de travesti, deve ser chamada “a” travesti e não “o” travesti, como insiste a mídia.

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