segunda-feira, agosto 03, 2009

RELIGIÃO - HOMOFOBIA RELIGIOSA


A capital israelita, tida como uma das mais liberais do mundo, foi palco de um banho de sangue um centro de jovens 'gay'. A polícia procura agora o atacante vestido de negro que fez dois mortos e 15 feridos

Famosa por ser uma das cidades mais liberais do mundo, Telavive foi no sábado palco de um ataque indiscriminado contra a comunidade homossexual israelita, que resultou em dois mortos e uma quinzena de feridos, quatro dos quais em estado grave. As vítimas mortais, Nir Katz e Liz Tarbishi, tinham 26 e 17 anos.

A polícia lançou de imediato uma gigantesca caça ao homem, com buscas casa a casa, na tentativa de encontrar o indivíduo vestido de negro que abriu fogo contra os jovens reunidos num centro de apoio a homossexuais, situado no coração da capital israelita.

"Ainda estamos numa fase preliminar do inquérito. As investigações prosseguem neste momento e não estamos certos quanto ao móbil pois não houve, no passado, qualquer ameaça contra este centro", declarou, citado pela AFP, o chefe da polícia de Telavive, o comandante Shahar Ayalon.

À rádio militar, o ministro do Interior, Yitzhak Aharonovitch, garantiu, porém, que se tratou de um acto de homofobia. "O que aconteceu não foi um ataque terrorista", disse, citado pela AFP, o vice-primeiro-ministro Sylvan Shalom. "Vamos fazer tudo para encontrar o assassino e levá-lo à justiça", garantiu, por seu lado, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

A confirmar-se a motivação homofóbica, esta será a pior agressão do género em Israel. "A comunidade gay em Israel recebeu hoje um mensagem forte, uma linha vermelha delimitadora, de que Israel e Telavive já não são lugares seguros para ninguém", declarou, à BBC, Yaniv Weisman, líder da Associação de Jovens Gays, Lésbicas, Bissexual e Transexuais.

"Nos nossos piores pesadelos nós nunca poderíamos imaginar que existisse um tal ódio contra a nossa comunidade, que não faz mal a quem quer que seja", declarou Mike Hamel, presidente da Associação Nacional de Gays e Lésbicas de Israel.

"Estou horrorizado só de pensar que é assim que os pais de alguns dos meus amigos vão saber", disse, ao Haaretz, Or Gil, um dos feridos levados para o hospital. O adolescente, de 16 anos, relatou como tudo se passou: "Às 10.40 [menos duas horas em Lisboa] alguém chegou, vestido de preto, usando uma máscara preta. Ao princípio achei que era brincadeira, mas depois abriu fogo, as pessoas começaram a atirar-se para debaixo das mesas, das camas, mas não houve gritos".

Lembra-se de se ter escondido debaixo da mesa com alguém. "O centro é um lugar pequeno, tem apenas um terraço - uma vez lá dentro não há fuga possível". Gil explicou ainda que tinha ido ao centro para participar em actividades normais para um jovem. "Os adolescentes vão lá conversar um pouco e ouvir música. Eu adoro aquele centro mas não sei se alguma vez vou lá voltar."

Após saberem do incidente, milhares de pessoas juntaram-se no local que faz esquina entre as ruas Ahad Haam e Nachmani para denunciar o ataque. "A nossa comunidade homossexual não vai deixar que a intimidem, ela vai conseguir enfrentar de cabeça erguida todos quantos a ameaçam. À guerra responderemos com guerra", assegurou um deputado da oposição de esquerda, Nitzan Horowitz, que foi citado pela AFP.

As autoridades encerraram os bares frequentados por homossexuais nas imediações e pediram aos proprietários dos estabelecimentos que estejam alerta. Em Israel, gays e lésbicas têm grande liberdade e são aceites no Exército. Há artistas que se assumem abertamente como gays, todos os anos se realiza a Parada Gay, e as bandeiras arco-íris são postas nas janelas de casa, bares ou centros.

Tags: Globo, Médio Oriente

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