sexta-feira, junho 19, 2009

Pesquisa - Educação


Preconceito generalizado

Pesquisa em 501 escolas públicas do país revela um quadro chocante de
intolerância e discriminação, principalmente contra negros, pobres,
mulheres e homossexuais

------------ --------- --------- --------- --------- --------- -

Negros, pobres e homossexuais estão entre as principais vítimas de
bullying (prática discriminatória de um grupo de alunos contra um
determinado colega, que se caracteriza por agressões físicas,
acusações injustas e humilhações) nas escolas públicas do país. A
conclusão é da Pesquisa sobre Preconceito e Discriminação no Ambiente
Escolar, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
(Fipe), a pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgada ontem em São Paulo.

A pesquisa ouviu 18.599 alunos, pais, diretores, professores e
funcionários de 501 escolas públicas em todas as regiões, entre
outubro e novembro do ano passado. Uma das conclusões revela quão
grave é a situação: 99,3% dos entrevistados demonstram algum tipo de
preconceito étnico-racial, socioeconômico, com relação a portadores de
necessidades especiais, gênero, geração, orientação sexual ou
territorial.

O estudo concluiu que 96,5% dos entrevistados têm preconceito com
relação a portadores de necessidades especiais, 94,2% discriminam pelo
viés étnico-racial, 93,5% mostram intolerância ligada a gênero, 91% a
idade, 87,5% a fatores socioeconômicos, 87,3% com relação à orientação
sexual e 75,95% têm preconceito territorial. Ainda de acordo com os
dados, 5,3% dos entrevistados presenciaram professores sofrendo
agressões e 4,9% viram funcionários das escolas sendo atacados.

Segundo o coordenador do trabalho, José Afonso Mazzon, professor da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade
de São Paulo (FEA-USP), a pesquisa conclui que as escolas são
ambientes onde o preconceito é bastante disseminado “entre todos os
atores”. “Não existe alguém que tenha preconceito em relação a uma
área e não tenha em relação a outra. A maior parte das pessoas tem de
três a cinco áreas de preconceito. O fato de todo indivíduo ser
preconceituoso é generalizado e preocupante”, disse.

Desempenho ruim
A pesquisa constatou que o grau de conhecimento de práticas de
bullying chega a 19% contra alunos negros, 18,2% contra pobres, 17,4%
contra homossexuais. Em seguida, 10,9% estiveram nessa situação por
ser mulher e 10,4% por morarem na periferia ou em favelas. O estudo
também mostrou que os professores, funcionários, idosos, pessoas com
algum tipo de deficiência física ou mental, índios e ciganos também
foram vítimas de agressão nas escolas pesquisadas.

De acordo com o professor José Afonso Mazzon, a pesquisa revelou que
30% das diferenças observadas na Prova Brasil entre as escolas
pesquisadas foram explicadas por níveis de preconceito e
discriminação. “Nas escolas onde se observou o maior conhecimento de
práticas de bullying envolvendo professores e funcionários, as
avaliações na Prova Brasil foram as menores, assim como nas escolas
onde os alunos apresentaram maior nível de preconceito”, afirmou.

------------ --------- --------- --------- --------- --------- -
Não existe alguém que tenha preconceito em relação a uma área e não
tenha em relação a outra. A maior parte das pessoas tem de três a
cinco áreas de preconceito

José Afonso Mazzon, professor da Faculdade de Economia, Administração
e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e coordenador
da pesquisa

------------ --------- --------- --------- --------- --------- -

O número
Quadro desolador
99,3%
dos entrevistados mostraram que alimentam algum tipo de preconceito

O número
18,6 mil
alunos, pais, professores, diretores e funcionários foram ouvidos

O número
5,3 %
dos entrevistados presenciaram alguma agressão contra professores

Nenhum comentário: