segunda-feira, julho 21, 2008
Saúde - Anabolizantes
www.Opopular.com.br
21.07.2008
O vale-tudo para ficar ‘bombado’
O POPULar mostra como funciona o mercado negro e a facilidade de aquisição de anabolizantes
Vinicius Jorge Sassine
Um ativo mercado negro da beleza mantém as curvas femininas dos travestis e o corpo escultural de homens e mulheres, com a compra e venda de produtos inimagináveis para a lógica natural do corpo humano. A febre dos anabolizantes fez surgir agora novos produtos, com efeitos mais evidentes, resultados mais rápidos e acesso muito mais fácil. Já a conquista dos contornos femininos desejados pelos travestis desconhece a razão: passou a ser tendência entre eles a aplicação de lubrificantes de peças de avião no rosto, na boca, nas mamas, nos glúteos, nas pernas e nas panturrilhas.
A morte de Julieber Costa Santos em Catalão, no dia 6, revelou que não há limites do tipo de medicamento buscado para “bombar” o corpo. Julieber morreu aos 26 anos depois de aplicar anabolizantes com o propósito de ganhar massa muscular. Na semana passada, o pai do jovem entregou à polícia cinco frascos vazios ou pela metade do medicamento que pode ter sido aplicado. Chama-se Bovitam e serve para a engorda precoce de bovinos, “proporcionando mais peso em menos tempo”, conforme diza bula.
Também na semana passada, o travesti Sidney Pereira Guedes, de 25, morreu por complicações na aplicação de um tipo de silicone industrial nas mamas. Bianca, como gostava de ser chamado, desejava ter seios. O relato de um travesti que também injetou o silicone, dá a dimensão do desejo: Bianca já havia aplicado dois copos de silicone em cada mama há três meses e, cinco dias antes de morrer, injetou três copos em cada lado.
Os casos de mortes em razão das complicações por uso de anabolizantes e silicones industriais mostram que o mercado negro da estética continua utilizando os mesmos produtos e, para atender a crescente procura, lança mão de drogas e compostos químicos mais potentes. O POPULAR apurou como esse mercado se estruturou em Goiás e como a compra e venda de substâncias proibidas se transformou num problema de saúde pública.
Lubrificantes
É quase uma regra junto aos travestis o uso de silicone industrial, com técnicas de aplicação quase medievais. Diante dos riscos e da repercussão de casos de complicação, muitos travestis passaram a focar a aplicação no rosto, nos glúteos e nas pernas, evitando as mamas, onde é maior o risco de migração do silicone. Em vez do gel automotivo, a tendência agora são os lubrificantes de peças de avião, comprados por encomenda de São Paulo.
Para os que querem ganhar massa muscular num ritmo mais acelerado do que os ganhos com a simples musculação, as academias continuam sendo o caminho. A diferença é que os medicamentos para cavalo têm uso mais popularizado. O medo parece menor, com a presença cada vez maior do Equipoise (veja detalhes no quadro), inclusive junto a atletas profissionais.
Nas farmácias, continua a venda de esteróides anabólicos co nhecidos. Mas é do Paraguai que chega o medicamento preferido de freqüentadores de academias na Grande Goiânia: o Winstrol, um anabolizante injetável que provoca danos reduzidos ao fígado, em comparação com outros esteróides. Os ganhos musculares são expressivos em menos de um mês, e por isso há uma legião seduzida pela droga, apesar das conseqüências à saúde.
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