quinta-feira, junho 12, 2008
Homofobia - Luiz Mott apresenta dados
DADOS OFICIAIS CRIMES HOMOFOBICOS
Entre 1963-2008 (maio) foram assassinados 2154 GLTB no Brasil.
122 em 2007
72 até maio 2008
Mott
ASSASSINATO HOMOSSEXUAIS NO BRASIL: 2007
Relatório anual do Grupo Gay da Bahia
122 homossexuais assassinados no Brasil em 2007, um a cada três dias. Aumento de 30% em relação ao ano anterior. 70% gays, 27% travestis, 3% lésbicas. O risco de uma travesti ser assassinada é 259 vezes maior que um gay. Bahia é o estado mais violento, 18 assassinato e o Nordeste a região mais perigosa: um gay corre 84% mais risco de ser assassinado do que no Sudeste/Sul. 13% das vítimas tinham menos de 21 anos e 33% mais de 41. Predominam as travestis profissionais do sexo, professores, cabeleireiros, ambulantes. Gays são predominantemente assassinados dentro de casa a facadas ou estrangulados, enquanto travestis são executados na rua a tiros, cada vez mais atacados por motoqueiros. Quanto aos assassinos, 80% são desconhecidos, predominando garotos de programa, vigilantes noturnos, 65% menores de 21 anos.O Brasil é o campeão mundial de crimes homofóbicos, mais de 100 homicídios por ano, seguido do México com 35 e Estados Unidos com 25.O Grupo Gay da Bahia disponibiliza o manual “Gay vivo não dorme com o inimigo” como estratégia para erradicar os crimes homofóbicos.
Só em 2008, até maio, já foram documentados 72 assassinatos!
Em 2007 foram assassinados 122 homossexuais no Brasil, 30% a mais do que no ano anterior. Um assassinato a cada três dias. O número verdadeiro deve ser muito maior, pois além de faltar informações sobre 4 Estados: Rio Grande do Sul, Amapá, Rondônia e Roraima, tais dados baseiam-se em notícias de jornal e internet, já que não existem estatísticas governamentais contra crimes de ódio no Brasil. Tal Relatório, embora certamente incompleto e lacunoso, é o principal documento mundial sobre crimes homofóbicos, seus dados são citados tanto pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos quanto pelo Departamento de Estados dos EUA.
O Relatório Anual é realizado desde 1980 pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade de utilidade pública municipal e estadual, a mais antiga ONG de defesa de direitos humanos dos homossexuais na América Latina.
De 1963 a 2007 foram documentados 2802 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil, concentrando-se 18% na década de 80, 45% nos anos 90 e 35% (972 casos) a partir de 2000. Somente nos três primeiros meses de 2008 já foram documentados 45 homicídios de gays no país. “Este ano a violência homofóbica está ainda mais preocupante, informa o Prof.Luiz Mott, responsável pela coleta de dados: enquanto nos Estados Unidos são mortos 25 gays por ano, 35 no México, no Brasil anualmente são assassinados mais de uma centena! Um verdadeiro HOMOCAUSTO!”
Apesar da crescente maior visibilidade e atuação do Movimento Homossexual Brasileiro, e do governo Lula ter instituído o Programa Brasil Sem Homofobia, a violência anti-homossexual vem crescendo nos últimos anos, sobretudo no Nordeste: enquanto na última década Pernambuco foi sempre o estado onde mais homossexuais foram assassinados, pela primeira vez a Bahia ocupa o primeiro lugar desta mortandade: Bahia 18 assassinatos, Pernambuco 17, Rio Grande do Norte 9 e Alagoas 8 homicídios. Confirma-se o Nordeste como a região mais homofóbica do país: 60% dos homicídios, seguido do Centro/Oeste, com 17%, Sudeste/Sul com 16% e Norte, 7% das mortes contra GLTB. O risco de um homossexual do Nordeste ser a próxima vítima é 84% mais elevado do que no sul/sudeste!
Em termos relativos, os estados mais ameaçadores são Rio Grande do Norte e Alagoas, ambos estados com pouco mais de 3 milhões de habitantes, ostentando respectivamente 9 e 8 assassinatos, enquanto S.Paulo com população de 40 milhões, teve número inferior de mortes, 7 homicídios. O Maranhão, com população quase sete vezes inferior à “paulicéia desvairada”, teve o mesmo número de gays assassinados.
Em 2007, 70% das vítimas eram gays, 27% travestis e transexuais e 3% lésbicas. Proporcionalmente, as “trans” representam a categoria mais vulnerável, pois enquanto os gays e lésbicas devem representar mais de 20 milhões de brasileiros, as transexuais e travestis, segundo cálculos de suas próprias associações, representam por volta de 20-30 mil indivíduos, o que vale dizer que as travestis correm 259 vezes mais risco de ser morrer vítima de uma arma de fogo do que os gays.
As lésbicas, como nos anos anteriores, raramente ultrapassam 3% das vítimas: embora outras pesquisas revelem que as “entendidas” sofram maior violência física e constrangimento moral dentro de casa, são muitíssimo menos assassinadas que os homens gays e travestis.
Quando a idade das vítimas, o mais jovem foi um gay de Salvador, estudante de 14 anos, sendo que 13% os GLBT tinham menos de 21 ao ser assassinados. 54% dos mortos estavam na flor da idade, entre 21-40, e 33% tinham mais de 41 anos. O mais idoso, foi um médico homossexual de 70.
Entre as vítimas há gays pertencentes a todos os setores profissionais, predominando professores, estudantes, vendedores, cozinheiros, pais de santo, cabeleireiros, enfermeiros e profissionais liberais. 73% das travestis eram profissionais do sexo a categoria ocupacional mais vulnerável a estes crimes de ódio. Tal predominância se explica devido à prática da prostituição nas ruas e estradas, zonas muito freqüentadas por marginais, daí as travestis serem predominantemente assassinadas a tiro (40%) em espaços públicos, enquanto os gays são executados dentre de casa, a facadas (31%), ou vítimas de estrangulamento, pancadas, pauladas, asfixia. Requintes de crueldade e tortura prévia fazem parte da maioria dos crimes contra homossexuais, incluindo execuções por afogamento, garrafada, degolamento, introdução de objetos no ânus, esquartejamento. Um gay de Caxias, no Maranhão, foi executado com 26 facadas!
Quanto aos assassinos, choca o fato de que 80% destes crimes tem “autor desconhecido”, ou por terem sido praticados altas horas da noite, em locais ermos, ou pela omissão das testemunhas, que devido ao preconceito anti-homossexual, não querem se envolver com vítimas tão desprezíveis. Também chocante é predominância de jovens assassinos: 65% dos homicidas de gays e travestis tinham menos de 21 anos, o mais jovem apenas com 13 anos, geralmente agindo em grupo. Dos 20% de criminosos identificados, menos de 10% chegam a ser detidos e julgados, e mesmos estes, alegando legítima defesa da honra, são beneficiados com penas leves ou injustamente absolvidos. Entre os assassinos de GLTB em 2007 predominaram os garotos de programa, vigilantes, pedreiros. 44% destes criminosos usaram moto para atirar nas vítimas.
Para o Presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, “há solução contra os crimes homofóbicos: ensinar à população a respeitar os direitos humanos dos homossexuais, exigir que a Polícia e Justiça punam com toda severidade a homofobia e sobretudo, que os próprios gays e travestis evitem situações de risco, não levando desconhecidos para casa, evitando transar com marginais.” O GGB disponibiliza em seu site [www.ggb.org.br] o texto “GAY VIVO NÃO DORME COM O INIMIGO”, ensinando como evitar ser a próxima vítima.
Maiores informações: [71] 3328.3782 9989.4748
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Um comentário:
Interessantes esses dados, mas há que se ressaltar que dentro do universo trans as que realmente correm mais riscos são as que fazerm "rua". As trans que vivem vidas convencionais passam tão despercebidas como homens e mulheres na multidão, já que elas não se expõem à noite e à violência. Abraços e parabéns pelo blog!!
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