terça-feira, dezembro 15, 2009

TRAVESTI


Em clima de indignação, por parte de familiares e amigos, foi velado e
enterrado ontem o copo de Daniel da Conceição, 40 anos, a travesti Sabrina
Dummond, presidente da Associação das Travestis e das Transexuais do
Maranhão (Atrama). O assassino da travesti ainda não foi preso nem
identificado, mas acredita-se que a motivação do crime tenha sido homofobia.
Durante o velório de Sabrina, os amigos demonstraram estar muito indignados
com o assassinato. "Tudo isso é revoltante. Ela estava trabalhando e foi
assassinada brutalmente" , desabafou a travesti Andressa Sheron, amiga de
Sabrina e secretária da Atrama. Ela continuou comentando que o crime bárbaro
não pode ficar impune. "Esse não pode ser mais um caso que vai cair no
esquecimento e ficar sem solução. Esse assassino é um perigo para as
travestis e para toda a sociedade".

A afirmação de Andressa foi confirmada por Airton Ferreira, representante da
Secretaria de Direitos Humanos, que estava presente no velório. Ele lembrou
que do ano de 2000 a 2009 foram registrados 31 homicídios de gays, lésbicas,
bissexuais, travestis e transexuais em São Luís, mas apenas um foi
solucionado. "Com certeza um número bem maior de crimes foi realizado contra
essas categorias, mas muitas vezes as famílias negam essa situação e nos
deixam de mãos e pés atados", lembrou Airton Ferreira, que também participa
do Grupo Gaivota.

Amigo de Sabrina na Atrama, Carlos Garcia destacou que além dos muitos casos
de homicídios, os travestis sofrem violências diariamente. "Esse é um
problema muito frequente. Estamos em uma luta diária e precisamos conquistar
resultados positivos". A presidente do Grupo Lésbico do Maranhão (Lema),
Leda Rego, compartilha da opinião de Carlos. "Não quero ver esse como mais
um caso. Vamos buscar soluções".
Na condição de presidente da Atrama, Sabrina estava organizando uma
programação para o Dia de Visibilidade Trans, que será comemorado no próximo
dia 29 de janeiro. Os amigos afirmaram que manterão a programação e ainda
prevêem outras manifestações. "Ainda esse ano vamos fazer uma mobilização
contra o assassinato da Sabrina e outros casos", confirmou Andressa.
O velório foi realizado durante toda a manhã e início da tarde de ontem na
sede da Escola de Samba Flor do Samba e o enterro ocorreu às 16h no
cemitério Residencial Paraíso, na Vila Embratel.

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